





































a face feminina de deus
ou
as deusas que moram em mim
2013 - 2016
shekiná é uma das travessias mais lindas que percorri na vida. Faz três anos que comecei a desenhar com a luz do feminino, e é incrível como a cada encontro vivido um novo universo inteiro e complexo expandia dentro de mim. Conhecer cada uma das deusas que fazem parte deste movimento que floresce agora nesta noite de lua cheia, me trouxe uma certeza poderosa de que o feminino é o próprio mistério.
E é este o sagrado que eu quero evocar, homenagear e honrar aqui e agora. shekiná é a minha reverência a todas as mulheres que vieram antes de mim e todos os labirintos que elas percorreram para que eu pudesse estar aqui e agora escrevendo esta dança. É também o meu uivo a todas as lobas que estão vivendo este presente junto comigo. E a todas as forças do feminino que ainda vão nascer.
Porque depois de muito tempo e com a ajuda de cada uma das deusas estão aqui, existindo no seu olhar neste momento, eu consegui entender que a força do feminino é muito maior do que o físico e o metafísico. A força de uma mulher vem das profundezas do útero. Um rio que é sereno o suficiente para fazer a vida acontecer, nascer e se fortalecer.
Olho ao redor e fico pensando o que pode ser mais infinito, abundante e poderoso do que um sexo que é capaz de abrir um espacinho dentro dele mesmo para abrigar um outro ser. Onde fica a outra face, feminina, cheia de graça, sensível, criativa, intuitiva, complexa, extremamente sensual e potencialmente malévola deste mesmo Deus masculino, onipresente e justiceiro que foi criado em nosso imaginário?
Que energia pode ser mais forte e criadora do que o corpo de uma mulher? Nossa manifestação física é tão vasta, única e intensa quanto a natureza inteira. Mas quase não pensamos sobre isso. É hora de encarnar a deusa. Compreender os poderes dos mares revoltos que dançam dentro de cada uma de nós.
Hoje, mais do que qualquer coisa, eu quero ser livre para ser quem eu sou. Não quero me digam quem eu devo ser para ser livre. Muito menos quem eu devo ser para ser mulher. Hoje, eu quero ser inteira. Com todas as galáxias e pântanos que podem existir no tempo e espaço de ser feminina.
Minha mãe sempre diz que a história de uma mulher é a história de todas as mulheres. Como muitas coisas que ela já me disse, eu demorei um pouco para entender, mas quando compreendi foi como se eu tivesse nascido de novo. Porque ser mulher a gente só entende sendo. E a possibilidade de nos reconhecermos uma nas outras, através de nossas próprias histórias, pode sim ser um dos momentos mais libertadores da nossa vida.
Porque os orgasmos são mesmo múltiplos. E todo esse poder vem sim das raízes mais profundas do feminino. E não de uma suposta objetividade masculina. Somos muitas e sempre vamos poder ser mais. shekiná é uma homenagem a força da natureza que é ser mulher. E este, é o meu retrato. Feito à meia luz, num instante que dura o infinito de passar um batom.
E só quero agradecer, infinitamente, cada uma das divindades do sagrado feminino que floresceram esta homenagem junto comigo, minhas musas ♥ Daniela Blazquez, Bruna Bernacchio, Tabita Mattioli, Adriana Moreno, Camila Oliveira, Sofia Maldonado, Maria Clara Pessoa, Catarina Caldas, Bruna Rodrigues, Laura Diaz, Fernanda Lensky, Dani Cruz, Paula Canavezi, Camila Othon, Bruna Cavalcanti, Glenda Ludwig, Cleo Fernandes, Júlia Junqueira, Anna Mariutti, Hanna Saboia, Valentina Piras, Mayara Rios, Mari Graciolli, Jada Novaes, Bárbara Magalhanis, Giulia Henne, Carolina Franzoi, Vanessa Lima, Thays Vita, Catharina Bellini, Camilla Gonçalves, Fernanda Ruiz, Thalita Cardoso, Carolina Gonçalves, Vi Ehmke, Lydia Caldana, Natália Fernanda, Loo Nascimento, Cecília Saiki, Suzana Ginez, Jade Baraldo, Gabriela Franze, Harumi Hironaka. E a minha mãe, Maria Helena, porque sem ela, eu não seria.
Nós somos todas as Deusas.